Ela fora ao paraíso encontrara os unicórnios, vira estrelas
em céus estrelados tão fortes que se sentia dentro de um. Emudeceu a voz,
porque era o coração quem tinha cordas vocais. Dançou na chuva completamente
nua. Haveria porque muito mais
encantamento, mas a boca resolveu falar. Enquanto os vaga-lumes desenhavam o
céu com seu verde, ela sonhava. Era o tal príncipe encantado de seus sonhos. Tão
verdade que se tornou inatingível. Não que ela não tivesse forças, mas é que o
contemplar iria muito além. Nem toque de mãos, nem colar de lábios, nem sexos
transados. Era o sangue gritando alto, sem som de palavras a ser escutado. Seriam
os olhos negros, mas as mãos encantavam mais. Não houvera fome. Não houvera
sede. Todo o suor seco valeria muito mais. Saciaria. Ela então pensou. O sonho
haveria de ser maior tanto que jamais em realidade pudesse existir. Ela chora. Lamentos
tanto de explicações poucas. Haveria a
liberdade que deveria ser dada. Ela não ansiava corpo que não lhe queria. Seria
objetivo se não houvesse de doer. Marcara em sua agenda, feito criança, a data
da felicidade. Esquecera que eterno jamais houvera. Organizou o corpo e de
cabeça erguida mergulhou profundo. Aquele momento. Sensações longas de vazios
desconhecidos. O corpo gemia. Os olhos olhando olhos. Narizes se tocando. E apenas
um existindo. Seria lindo se fosse vivido mais. Apenas aquele instante. Pouco tanto
o suficiente para marcar. Ela ainda ansiava, aguardava, esperava, queria. O desejo
alheio não haveria. Seria verdade se em cada linha não houvesse reticências. No
intervalo de um segundo a profundeza do amanhã. Mas era o hoje e todo hoje tem
fim. Um adeus bêbado com juras rasas, mas significativas. Ela se achava. Ele se
perdia. Ambos se encontravam. Nada existia.
Ela agradeceria porque inspiração voltaria.
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