terça-feira, 26 de agosto de 2014

Poema morto



A lua brilhando com nuances em tom breu. A voz aguda sorrindo desaforos que meu coração não quer ouvir. Brincando de me afastar de ti. Arranco meus botões da blusa que ganhara na sorte. Destruo o vaso de qualidade rara. A noite gritando silenciosamente que não se pertence as fontes que jamais existir. Amante de si, uma vadiagem descomunal de corpos que não se conhecem. Perdidos em pensamentos divagatórios de coisa tal que sentimentos haveria de existir. Pensa cabeça, pensa mente, pensa corpo. Não pensa. Abre-se largamente e debruça-se no parapeito. O vento suave. Subindo como degraus existissem, preocupação vaga de tudo vazio. Vagamente surreal. Vagamento abstrato de pintura feita aos pés. A louca nudez revelada as escura sem mãos para desvendá-la.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Romanticiando a italiana

Ela fora ao paraíso encontrara os unicórnios, vira estrelas em céus estrelados tão fortes que se sentia dentro de um. Emudeceu a voz, porque era o coração quem tinha cordas vocais. Dançou na chuva completamente nua.  Haveria porque muito mais encantamento, mas a boca resolveu falar. Enquanto os vaga-lumes desenhavam o céu com seu verde, ela sonhava. Era o tal príncipe encantado de seus sonhos. Tão verdade que se tornou inatingível. Não que ela não tivesse forças, mas é que o contemplar iria muito além. Nem toque de mãos, nem colar de lábios, nem sexos transados. Era o sangue gritando alto, sem som de palavras a ser escutado. Seriam os olhos negros, mas as mãos encantavam mais. Não houvera fome. Não houvera sede. Todo o suor seco valeria muito mais. Saciaria. Ela então pensou. O sonho haveria de ser maior tanto que jamais em realidade pudesse existir. Ela chora. Lamentos tanto de explicações poucas. Haveria a liberdade que deveria ser dada. Ela não ansiava corpo que não lhe queria. Seria objetivo se não houvesse de doer. Marcara em sua agenda, feito criança, a data da felicidade. Esquecera que eterno jamais houvera. Organizou o corpo e de cabeça erguida mergulhou profundo. Aquele momento. Sensações longas de vazios desconhecidos. O corpo gemia. Os olhos olhando olhos. Narizes se tocando. E apenas um existindo. Seria lindo se fosse vivido mais. Apenas aquele instante. Pouco tanto o suficiente para marcar. Ela ainda ansiava, aguardava, esperava, queria. O desejo alheio não haveria. Seria verdade se em cada linha não houvesse reticências. No intervalo de um segundo a profundeza do amanhã. Mas era o hoje e todo hoje tem fim. Um adeus bêbado com juras rasas, mas significativas. Ela se achava. Ele se perdia. Ambos se encontravam. Nada existia.


Ela agradeceria porque inspiração voltaria.