sábado, 4 de agosto de 2012

Minha medíocre volta


Eu coloquei a mão na maçaneta e virei como se não estivesse ausente por nove anos. Abri a porta e entrei certa de que seria ali meu refugio para os dias que se seguiriam. Que pai nega lar para uma filha? Eu acreditava piamente que nenhum. Minha mãe abriu os braços e me deu um abraço apertado com as lágrimas correndo pelo rosto. Acho que eram lágrimas de felicidade. Meu pai estava sentado no sofá e lá permaneceu se dignando apenas a um oi seco e que mal pode ser ouvido. Não que eu esperasse que aquele homem me recebesse de braços abertos depois de toda nossa história de vida que era dolorida para ambos.
_o que você faz aqui? _ Foi sua pergunta depois do oi que somente ele ouviu.
Ele tinha o dom exato de tornar a vida das pessoas a sua volta insuportável.
_Ela voltou para casa. _ Minha mãe tratou logo de esclarecer.
_Você sabe muito bem que essa casa é pequena demais para mais uma pessoa. _ disse ele da forma mais rude que sabia falar.
Eu escutava tudo aquilo incrédula de que pudesse existir tanta frieza assim em uma só pessoa. Minha mãe se colocou a minha frente e disse que se eu não ficasse ela também iria embora. Ele deu de ombros virou novamente para a televisão e continuou assistido o que fosse que estava passando naquele momento. Eu não conseguia mover meus músculos. Eu tinha chegado ao fundo do poço. Ao sair de casa havia dito a mim mesma que jamais voltaria. Que jamais pediria clemência ou asilo. A vida da voltas e às vezes é preciso voltar às raízes e acertar contas com o que deixamos pendente para trás. Isso acontece inevitavelmente até sem que percebamos. Se no passado ficar alguma coisa pendente as contas terão que serem acertadas mais cedo ou mais tarde. E ali estava eu para acertar minhas contas com meu passado.  Já era noite e minha mãe tratou logo de me preparar um bom lanche e enquanto eu comia preparou minha cama. Acabei de comer e fui logo me deitar. As malas ficariam para o dia seguinte, se é que seriam desfeitas. Me deitei. Logo todos se deitaram também. O silêncio enfim reinou. Eu me virava o tempo todo na cama, meus pensamentos não me permitiam fugir da figura amarga daquele que deveria ser meu pai. Comecei a chorar. Eu calada com as lágrimas escorrendo invejava as pessoas que tinham um pai para amar. Um ser que parecia com um super herói e que era motivo de orgulho. Eu queria sumir. Pegar minhas coisas, cuspir toda a verdade na cara dele e desaparecer como órfã, sem ter para onde ir e sem um passado para ser lembrado. Realmente era amargamente impossível amar aquele ser que me dera um vagabundo sobrenome. Eu voltara, depois de anos, humilhada, sem dignidade alguma, sem lar, sem direção e cheia de dor. E ele fazia questão de apertar com seu dedo polegar bem em cima da ferida aberta. Como amar um ser que me transformara na desgraça que sou? O mundo gritava na minha cara com todas as letras que eu deveria lhe ter apreço, mas deitada naquela cama, na mais profunda solidão eu só conseguia odiá-lo da minha melhor forma. Ele era odioso até para quem não o conhecia. Eu havia me transformado em uma mulher culta, de certo modo era inteligente, digamos que bonita, mas ficava a cada dia mais claro que eu teria tudo eternamente, porém amor não era uma coisa que me pertenceria. Dizem que a base familiar era o segredo do sucesso, logo eu não conheceria o sucesso partindo desse ponto. O mundo do lado de fora da janela estava se cagando para isso e eu chorava. Não porque era fraca e sim porque me era a única alternativa naquele momento. Me levantei. As lágrimas me sufocavam. Pensei em colocar fim a minha medíocre existência e me descobri covarde até para isso. Eu fracassava até quando era necessário ao extremo. Me sentei no chão do banheiro sobre o tapete e fiquei longamente cogitando todas as possibilidades que existiam para por fim a toda aquela angustia. Minha mãe roncava como sempre alheia a tudo. Inerte no seu mundo que eu jamais conseguirei compreender. Eu só queria por um instante ter o poder mágico de tocar o foda-se para tudo e em um rompante juvenil juntar meus trapos e ver o mundo do lado de fora. Mas eu não queria mais ser miserável. Coloquei a música deja vu da Pitty para tocar e fiquei procurando aquela mulher fria que eu sempre fora. Eu estava só no mundo, não da boca pra fora, coisa séria. Aqueles que queriam se aproximar eu me cagava para eles. Não porque os odiava e sim porque não suportava seus olhares de pena e reprovação. O mundo me cobrava amadurecimento, porém o cara que deveria me ensinar sobre isso era um completo bosta. Era isso. O mundo em silêncio me observava dando braçadas na merda que era minha vida. Aquele que me dera nome na certidão de nascimento dormindo sono pesado e sereno. Minha mãe roncando seu remédio para dormir. E eu sentada naquele banheiro não vislumbrando nada, envolta em lágrimas e mais lágrimas que não se cansavam de escorrer. Pena que esse não era o fim. Novos dias surgiriam até que eu tivesse a coragem para por fim a tudo. Mais certo que os dias surgiriam um após o outro e eu assistiria tudo do camarote da desgraça como sempre fora.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Nosso querido Carlinhos Cachoeira

Minha humilde opinião sobre a situação atual da política com o caso do “nosso querido” Carlinhos Cachoeira.
Morando em um país onde nos habituamos com o desfecho a lá ‘jeitinho brasileiro’ de tudo que cerca nossas vidas, nada nos surpreenderia se o caso ‘Carlinhos Cachoeira’ tivesse o mesmo desenrolar ou então o mais famoso ainda, que tudo acabasse em “pizza”. Não estou aqui dramatizando ou até mesmo falando levianamente. Intenção alguma. Estou apenas querendo dar a minha opinião sobre tais “fatos” que envolvem nossa política e tal cidadão.
Recentemente li uma reportagem na revista veja, notinha pequena, poucas perguntas, mas muito reveladoras para aqueles que a ela se ateve. A mulher do senhor Carlinhos Cachoeira falando com a veja sobre seu lado da história. Ou seria estória? Enfim, a senhora Andressa Mendonça, vulgo Senhora Cachoeira, desabafa com a veja sobre suas amarguras de ter marido preso, pouco depois do casamento que na época estava apenas com idade de nove meses. Dizer que porque ela é esposa haveria de saber de tudo, duvido. Imagine que você é um contraventor da lei, grande magnata do poder legislativo sem mesmo ter disputado uma só eleição, se enamora de uma mulher anos mais jovem que você e, com apenas nove meses de casamento, conta todo o esquema de corrupção ao qual você se encontra envolvido. Para mim, soa surreal. Poderia ser que sim, ela tivesse conhecimento de que algo errado acontecia com o homem que o amor, ou o interesse, vai saber, lhe arrebatara. O que a entrevista muito bem nos esclarece já de cara é que ela hoje é o grande canal de ligação de Carlinhos com o mundo fora da prisão. Chegamos exatamente no ponto que quero me ater para mencionar minha repulsa pelo desenrolar de todo esse “carnaval” (Que fique claro que carnaval é uma maravilha, mas é festa, exatamente como esse assunto tem sido tratado por todos nesse país).
Para mim a conversa se desenrola da seguinte forma. O jogo tem um grande poder por conta de suas finanças que são até mesmo mirabolantes. Proibido! Mas como já diria o ditado “Tudo que é proibido é mais gostoso”. Homens adultos não fogem a regra, se você pensava que isso só acontecia com adolescentes, se enganara por completo. Proíba e verá pessoas de todas as idades assanhadas por conta de tal coisa proibida. Pois bem, o jogo no Brasil é proibido, porem muito rentável. Logo um objeto de grande desejo para todos aqueles que trazem consigo certa malicia a mais e claro, condições para tal advento. Carlinhos Cachoeira era a mente brilhante que conseguiu construir um castelo, até então, sólido sobre os jogos (proibidos) no Brasil. Foda-se a regra, foda-se a lei, foda-se tudo, principalmente porque como todos bem sabemos, nosso país é conhecido pela máxima que diz “quem tem dinheiro tem o poder e nunca está propenso a ser punido por qualquer ato ilícito.” Mas Carlinhos, inteligente como só ele, pensa da seguinte forma (Acredito eu), ‘preciso me aliar a alguns políticos para que isso realmente me aconteça. ’ Uma certificação a mais de que sua impunidade diante da lei prevalecesse sobre qualquer circunstancia. Mas para mim, esse foi o grande erro de Carlinhos Cachoeira. Porque justamente ai se encontra o outro lado da conversa toda. Quem acima de qualquer ser que habite esse planeta chamado terra, mais ainda país chamado Brasil passa ileso, com apenas algumas poucas e quase desconhecidas exceções, por nossa lei? Os políticos. É claro! Logo, quando pego em algum possível escândalo, ele se valerá de seus aliados, que não estão na “maior” esfera de poder, o legislativo, como o que? Como “bode expiatório”, ou se você preferir “para cristo”.
Quem é advogado sabe melhor do que eu a respeito do que irei dizer: quem é réu primário possuí residência fixa, não apresenta qualquer risco para a população e não foi pego em flagrante pode responder em liberdade por seus crimes. Vou deixar aqui uma coisa muito clara, está mais do que óbvio para todos que Carlinhos deve sim a lei, que suas negociatas eram escusas e que por isso deve pagar. Mas também já ficou bastante comprovado que junto com ele se encontram uma quantidade considerável de políticos tão envolvidos quanto ele e com o mesmo grau de periculosidade, portanto considero que se Carlinhos tem que ficar preso enquanto seu caso está sendo averiguado e julgado, todos os envolvidos deveriam também estar. Ou então, a lei deveria prevalecer, fazendo com que Carlinhos como todos os outros ficassem livres para responder sobre seus crimes e se preparando igualmente para seus futuros, que espero eu, seja presos.
E como se feder já fosse pouco para toda a bosta que jogaram no planalto central, a pegaram e jogaram no ventilador, surgindo assim às licitações ilícitas com a Delta, coisa essa que já sabíamos muito bem que existia, e não era de hoje, e mesmo assim a população colocou algumas figurinhas repetidas no poder novamente nas últimas eleições.
Muitos me dizem que sou contraditória quando digo que sou socialista e apolítica, mas com esses relatos que descrevo acima já esclareço o porquê do meu posicionamento com relação a nossa política. Eu sou socialista, porque sim, sou uma “romântica” que acredita na igualdade para todos independente de sua posição social ou até mesmo criminal. Todos devem ser tratados com respeito independente de como agimos, já que possuímos leis, elas devem valer com máxima justiça. Mas infelizmente (Ainda) moro em um país Capitalista, porque aqui fui gerada e criada, amo meu país, terra mais linda e hospitaleira está para existir, mas não partilho dessa política, portanto aqui sou apolítica, até mesmo porque nem os socialistas aqui conseguem ser íntegros, quando ingressam na política.
Recentemente ouvi um reporte na televisão, que agora me foge a memória o canal e o nome de tal individuo, dizendo que se os socialistas gostavam tanto assim dessa baboseira toda que pregam deveriam se mudar para países que aderiram a tal regime. Pois digo a esse senhor que é claro que somos visto de forma ruim porque, caso fosse aderido aqui ou em qualquer outro lugar o regime socialista acabariam essa palhaçada de corrupção que não é interessante aos políticos que constroem suas riquezas em cima de roubos, a maior minoria, a classe rica que está em uma proporção de 10% da população e mais um outro tanto de pessoas que amam e defendem o capitalismo mesmo quando são roubados bem debaixo dos seus narizes. E claro em Cuba, onde citam com mais freqüência quando tentam nos mandar para bem longe de seus interesses levianos, o poder socialista predominou sobre o capitalista através de força armada e popular, mas isso borra as calças de um governo que mesmo com toda a corrupção e bagunça que aqui se encontra tem conseguido grande crescimento sendo hoje o sexto país mais rico e muito respeitado em zona estrangeira. Lembrando que mesmo sendo socialista, se o capitalismo fosse usado de forma correta e justa poderia eu mudar de idéia com relação a minha ideologia política. “Eu não tenho medo de mudar de idéia, tenho medo de não ter idéia para mudar.” Deixo claro aqui que defendo a real ideologia socialista, a que foi tão sonhada por Che Guevara que infelizmente não conseguiu colocar em pratica.
Sai político, entra político nesse nosso país e não vemos mudanças. Fernando Henrique saiu e Lula fez sua cama sobre a corrupção dos “amigos”, Dilma entrou e está trilhando o mesmo caminho, eles não conseguem ser amigos nem uns dos outros e alguém ai acredita que serão nossos? Eu não!
No Brasil, prevaleceu, prevalece e prevalecerá, enquanto essa putaria permanecer e nem digo de capitalismo não, mas do povo votando errado, o “Salve-se quem puder” e “Cada um por si”. Ser político no Brasil é muito mais do que constituir leis e faze-las valer, muito mais do que manter em ordem o nosso país, muito mais do que defender nossos interesses, mas agora os políticos viraram celebridades. Diga-se de passagem, a quantidade de analfabetos ou até mesmo pouco instruídos que chegam ao poder, como Tiririca e Lula. Acho que vou começar a fazer um bolão para saber a próxima celebridade da vez em Brasília. Penso que é nesses momentos que JK deve se revirar no tumulo ao ver que criou a cidade com duplo nome, Brasília e Corrupção, se chamada por qualquer um dos dois ela atende.
A verdade é que, estão agora políticos exaltados quando interrogando os “já culpados” e esses não querem falar se valendo de lei criada por seus anteriores que diz “O réu tem o direito de se manter calado, não criando assim prova contra si mesmo” (Essa é a modinha da vez no Reality Show chamado senado), mas se colocar todos em um batedeira obteremos um bolo de massa homogênea. Todos “farinha do mesmo saco”. Para aqueles que se sentirem ofendidos com minhas palavras digo que procurem seus colegas, que a cada dia deixam surgir mais um pobre, e se entendam com eles, porque sinceramente ta difícil de lhes dar a credibilidade que um político deveria ter.
Lamentável, pelo menos para mim, saber que moro em um país tão lindo, o sexto mais rico do mundo e o mais vergonhoso de todos por conta da corrupção. Alguém ai me indica um buraco, por favor?  

sábado, 26 de maio de 2012

Chega então

As vozes diriam para que a luta não parasse, mas o coração diz chega. No final do túnel existe uma luz que não quer ser dividida. A lucidez bateu em retirada. Ficaram as lágrimas que não param de escorrer. Existiria poesia, mas para poesia precisa companhia. uma caminhada solitaria é só o que existe. O amor não me escolheu e eu burra continuo tentando, como se isso me redimisse de ser quem sou. Qu...em sou? Pouco importa. Quem pode viver sem amor? Essa não seria eu. Um pausa. Nenhuma razão, mas muita vontade. Cheia de covardia a gente segue não dando ouvido as vozes e rastejando na dor que nos torna tão humanos. Eita poesia vazia, sem sentido e fodida. É a vida gritando por nosso sangue e continuamos crédulos diante de toda essa desgraça. Que seja, eu já nasci e já estou aqui tem um tempo, não existe volta.

sábado, 19 de maio de 2012

"Crise de identidade"


Às vezes a fonte seca. Posso assegurar que esse é um dos piores momentos daqueles que vivem de criar “coisas”. Mas acontece e muitas vezes ao longo de diversos processos criativos. Bate uma insegurança tão profunda que pensamos em todas as desgraças possíveis. Fazemos as mais tolas perguntas a nós mesmos. Por que esse momento tão escasso de boas inspirações? Será mesmo que sou uma pessoa criativa? Será que esse é realmente meu papel a ser desempenhado nessa vida? Isso acontece em geral com pessoas que vivem da criação em todos os âmbitos.

Porém isso também acontece na vida. Momento esse que vou denominar de “crise de identidade.” Quem, em algum momento da vida, não parou e se perguntou ‘Qual a minha real função nesse mundo?’ ‘Pra que existir se nada faz sentido?’ Todos, em algum momento, já se encontraram nesse estado de profunda reflexão sobre sua existência. E digo mais, ou melhor, aposto com qualquer um, esse é o pior momento de qualquer pessoa. É meio doído sentir que nada faz sentido, sentir que os dias estão passando e nada se torna palpável ou no mínimo razoável.

Eu pensei em mil possibilidades para expandir meu texto e deixá-lo interessante não dependendo de uma mensagem, digamos que, de alto ajuda. Pensei em falar sobre os adolescentes que nessa fase sempre entram em mil conflitos, seja para escolher seu futuro profissional ou até mesmo sua situação amorosa ou estética. Mas não, ainda sofro com essa constatação, porém quero mesmo deixar uma mensagem para as pessoas que se encontram nesse estado, quase beirando ao ‘se entregar e desistir’.

Eu me encontro em um momento desses, por dias e dias não tenho conseguido escrever nada. Ou melhor, escrevi sim, um texto de despedida, dizendo que não iria mais escrever. Disse aos meus amigos que desistiria disso, escrever me faz muito bem, mas estou nesse momento me considerando a pior escritora do mundo. Eu fiquei triste. Chorei. Me lamentei. Me envergonhei de todos os meus textos. Lamentei pelas pessoas que leram meus textos e por ai vai. Uma danada e sofrida “crise de identidade” de criação.      

Talvez esse processo ainda leve um tempo, to tranqüila para isso, especialmente porque esse período tem me ensinado uma lição valiosíssima e nesse momento quero dividir com todos que, por algum acaso, se interesse em ler minhas pobres palavras.

Nós não precisamos ser impecáveis sempre. Não precisamos estar certos numa constante sem tropeços. Por vezes, precisamos nos permitir ser humanos, perceber que erramos e isso faz parte do nosso processo evolutivo, que julgo tão importante. Acertar é legal, temos que lutar sim para que nossas atitudes possam refletir um futuro tranqüilo e correto, mas não podemos fazer disso uma luta incessante e desleal com nós mesmos. É preciso encontrar um equilibro entre o acertar e errar. Encontrar a formula para que possamos errar sem que isso nos prejudique, mas conscientes de que errar é normal dependendo da situação.

A cada dia o mundo tem nos cobrado mais acertos intensos e mirabolantes. A nova geração cresce em uma desenfreada busca pelo melhor lugar no mercado de trabalho e isso reflete no andamento da sociedade. Jovens mais solitários, ricos e por vezes infelizes. Amar, casar, ter filhos tem se tornado uma coisa obsoleta e sem valor. O mundo cobra, profissionais perfeitos e intocáveis. Verdadeiros robôs. A cobrança é tão grande que o índice de frustração tem se tornado cada vez maior, afinal ainda estamos no Brasil, um país subdesenvolvido. Nossa educação ainda é um grande dilema. Mas o mundo grita cada vez mais alto e forte ‘profissionais perfeitos. ’

Mesmo diante desse quadro da nossa atualidade eu ainda sou uma eterna sonhadora. Uma apaixonada e revolucionaria incansável. Eu ainda acredito em valores antigos que podem ser somados aos atuais, sem que isso gere conflitos.

Não, eu não quero me tornar uma máquina, que se movimenta de acordo com os padrões impostos pela sociedade. Cada pessoa é de uma forma, se movimenta ou se articula de acordo com suas possibilidades. Não existe padrão no mundo que determina o que torna uma pessoa melhor do que a outra. Nenhum dinheiro pode ser maior do que caráter, nenhum status social pode ser maior do que amor, nenhum diploma pode ser maior do que felicidade. A marcha para a desvalorização do individuo no coletivo tem que ser parada urgentemente, a concorrência desenfreada de robôs e não humanos tem que ser estagnada “ontem”. Vamos arquivar o processo de super valorização do ‘cada um por si e salve sem puder’.

Não estou aqui pregando que a educação é algo desnecessário ou sem importância alguma. Imagina! Eu mesma tenho me atualizado para não perder, de certa forma, essa evolução. Mas estou aqui dizendo que, enquanto nossa educação for esse jogo de interesse de políticos corruptos, que visam seus bolsos enquanto aceitam que o mercado de trabalho cobre cada vez mais e nossa educação publica caminha a passos lentos no caminho do desenvolvimento, teremos jovens frustrados e cansados em busca de algo que deveria ser um direito, como se isso fosse um favor, mas que nossos impostos pagam tão bem.

Eu preguei, prego e pregarei eternamente o valor de cada pessoa individualmente, que se ajustado, de forma correta no coletivo, tem muito mais importância do que sozinho.

Eu me encontro em uma difícil “crise de identidade” criativa, você pode estar em uma “crise de identidade” pessoal, existem varias formas dessa tal “crise de identidade”. Esse é aquele momento solitário que, na maioria das vezes, nada do que digam pode ajudar. Porém é importante pensar que independente de como, cada pessoa tem seu valor, que não pode ser subestimado jamais.

Seja qual for sua “crise de identidade”, saiba que ela passará, enquanto isso não acontece, aproveite esse momento para se conhecer melhor, se permita a esse momento de inércia existencial. Foque em crescer para si mesmo. Foque em ser para si mesmo. Sem se preocupar de forma desmedida com o que esperam de você. Cada um sabe muito bem qual escolha deve ser tomada e é sua própria consciência que dormirá com as conseqüências eternamente. Somente você pode julgar o que é realmente importante para si. Somente você pode saber o que quer para si mesmo. Somente você pode fazer acontecer aquilo que almeja tanto. Não pese na balança de suas escolhas e ações vontade e pensamentos alheios. Saiba que suas atitudes refletem como você será visto, mas não faça disso um peso para que a escolha não seja tomada para sua felicidade e somente sua felicidade. Use sua essência e sua razão a seu favor. Seja protagonista de sua própria história de vida.

 Mas lembre-se sempre, isso tudo em um equilíbrio para enxergar que, da mesma forma que você, existe outras pessoas, cada qual com sua medida certa de importância que torna cada um especial.

Bom, acho que misturei um poucos os assuntos... Mas então, isso prova meu mau momento criativo. Porém, acho que foi muito válido, especialmente para mim, esse momento em que dividi minhas “fraquezas” com todos.

O mundo cobra perfeição, mas eu não ligo de ser retrô.








domingo, 15 de abril de 2012

A fórmula do sofrimento não existe

Eu queria ter a fórmula que resolve todos os problemas, que sarasse todas as dores, que liquidasse o sofrimento. Eu queria que fosse uma fórmula simples. Não queria ela apenas em meu poder, porque com o tempo aprendemos a não desejar essas coisas a ninguém. Mas lamentavelmente não tenho. Imagina que nem os meus problemas, minhas dores e sofrimentos eu consigo solucionar. Mas eu aprendi que essas sensações são únicas e individuais, não existe o que digam ou façam, só você pode encarar isso e sozinho. O grande problema é que o sofrimento quando dói beira a dor física, sem dorflex que resolva. É ficar ali, numa atitude masoquista sentindo a dor e aprendendo com as chicotadas que ela nos dá. O bom é que eu já aprendi que não existe "tempestade que dure a vida toda" e que depois de todo o sofrimento, o gostoso é saber que a lição é valiosíssima, pois nos amadurece e muito. Quanto à fórmula... Acho mesmo que não existe fórmula, é só sentir e fazer disso um crescimento, já que é inevitável passar por esse processo.

Amo porque se não amar, não vivo


Eu falo do amor, como se o amor fosse me curar do mal de ser tão desgraçada assim. Eu andei fugindo de senti-lo, justamente porque sei o mal e o estrago que ele faz. De certa forma andei me esquivando do sofrer. É amar é uma delicia, mas o que ele causa é um estado do qual fujo incansavelmente. Mas por vezes estamos lá rendidos a uma loucura completamente lúcidos de seu trágico fim. Como somos bobos. Como sou boba. Eu tropeço na pedra e passando novamente pelo mesmo caminho, sabendo exatamente onde a pedra se encontra, faço questão de tropeçar novamente nela. Porém existe algo que me redime, todos de certo modo foram criados para isso, para serem assim. Todos foram criados para incansavelmente ter fé no amor. Se não fosse assim nada justificaria o amor de uma mãe, que mesmo quando seu filho está completamente errado ela o ama, o acolhe e apóia. A gente vive numa encruzilhada, essa que é a verdade, de um lado o amor, do outro a solidão, do outro os sonhos e do outro o nada. Sim cada um deles leva pra um lugar diferente do outro. Passamos a vida toda tentando junta-los para que possamos seguir com todos juntos. Queremos amar, mas de forma um pouco egoísta valorizando nossa solidão, sonhando loucamente e com nada se preocupando. Grande e verdadeira tolice. Os quatro tomam caminhos distintos e jamais se juntarão, é preciso deixar alguns pra trás e escolher apenas um caminho. É ai que justamente erramos, porque tentamos juntar todos. Mas fazer o que, esse é o quadro que bem nos define. Mas eu fujo disso. O máximo que posso, é claro. Mas fujo. É uma guerra árdua entre mim e o amor. Travamos batalhas intensas e intermináveis quando ele, de forma malandra, quer dominar meu coração. Dificilmente venço. Não que eu não seja forte. E sim porque eu gosto do gostinho do amor, mesmo sabendo que ele me fará sofrer. Ai alguém irá dizer “mas não é em todos os amores que sofremos não, uma hora você encontra alguém que não te fará sofrer.” Até pode ser. Mas as pessoas lamentavelmente se esquecem que o amor vem acompanhado de uma boa dose de sofrimento que acarreta no amadurecimento que nos faz aqueles velhos de cabeça branca, “chatamente” verdadeiros. A voz da experiência. E todos com medo de envelhecer, mas dizem que é bom. Então chego à conclusão que não sabemos amar, ou será que amar não é bom? Confuso. O certo mesmo é que o amor vem acompanhado de sofrimento. O bom é que passamos a vida amando, de varias formas, varias pessoas. Afinal o que seria de nós, se pudéssemos amar apenas uma vez? Seriamos objetos da vida. Vegetaríamos pelos cantos chorosos, porque é certo que não acertamos de primeira. O amor é uma constante e louca tentativa. Quem já não passou pela sensação do coração acelerando, um frio na barriga, dormir com um sorriso bobo no rosto com as lembranças de alguém amado, fez planos para o futuro com alguém por quem está apaixonado, isso tudo varias e varias vezes na vida? Acho que todos de alguma forma. Diante disso eu sei que não adianta fugir, amar é o clichê que nos acompanhará eternamente, de varias formas, mas acompanhará. É meio que a bandeira que hasteamos todos os dias com a frase “amo porque se não amar, não vivo.” Somos os grandes bobos da corte, amando a donzela virgem chamada “amor”, esperando por ela do lado de baixo da janela, brigando com o mundo por ela e a perdendo e encontrando constantemente. É a vida. Nós nascemos para amar, porque amar justifica o fato de existirmos, já que para nascermos precisou que nossos pais amassem. Amar é uma missão de sobrevivência e por isso o levamos tão a sério. Mas eu fujo. Ai de mim que fugirei e me encontrarei com o amor por diversas vezes na vida.  

sábado, 14 de abril de 2012

Vampirismo social


Era eu e aquela mesa. Aquela mesa e eu. Fiquei confusa tentando entender quem estava no caminho de quem. Era lamentável aquela situação. Uma mesa tão pesada que não me deixava saídas. Era ficar ali esperando o meu desfecho naquele imundo lugar. Já tinham se passado cinco dias que eu chegando em casa fui pega por homens encapuzados. Três grandes homens. Talvez nem fossem tão grandes assim, mas com minha franzina forma física aqueles homens pareciam gigantes. Tudo bem que eu era figura constantemente presente nas colunas sociais de importantes jornais, mas tudo aquilo não passava de aparência. Eu era uma fodida. Vivia de sugar as grandes e verdadeiras almas da elite social para conseguir alguma aparição. Eu vivia constantemente na tentativa de ascender socialmente. Eu era um lixo. Sendo assim, por que justamente eu seria seqüestrada? Coitados daqueles grandes homens, muito músculo e pouco cérebro. Dizem que quando se prepara um seqüestro a vitima é pesquisada. Procuram saber seus hábitos diários, seus bens materiais e a real possibilidade de um bom valor de resgate. Mas eu não tinha nada e nem ninguém. Eu era uma fodida que morava em um apartamento emprestado de Copacabana. Se aqueles homens queriam ganhar dinheiro com o meu resgate estavam na merda. Pior pra mim. Como iria sair dali? Não existia uma alma viva que poderia me socorrer. Na alta sociedade é assim, você aparece do lado das pessoas sorridente. Posa para as fotos como se fossem amigos íntimos. Tudo uma grande e tola mentira. Talvez nem soubessem quem eu era depois de cinco dias desaparecida. Quem sentiria falta de uma vampira social? Absolutamente ninguém. Eu gritei nas primeiras doze horas de reclusão. Fiz as mais idiotas negociações com alguém que eu nem sabia se de fato estava do outro lado daquele lugar imbecilmente montado para aquela ocasião. Um quadrado de mais ou menos nove metros quadrados, com uma privada tão suja quanto um bueiro e um colchonete jogado em um dos cantos. Ah já ia me esquecendo, a mesa, a maldita mesa que me prendia naquele momento em um dos cantos. Mais nada. Era eu e toda aquela bizarrice. Foi então que em um acesso de loucura eu tentei fugir. Subi na mesa e tentei passar pelo buraco que deixava entrar alguma luz naquele lugar. Em vão. Sequer consegui chegar até o buraco. Era alto demais. Cai e a mesa caiu por cima de mim extremamente pesada. Não sei se por conta da franqueza em que me encontrava ou realmente pelo peso daquela idiota mesa. Eu estava ali, presa em um dos cantos sem sequer poder me aproximar do prato, de uma comida nojenta, que era colocado por uma abertura no final da porta todos os dias. Definitivamente era meu fim. Busquei um ultimo fôlego que achei que tinha e soltei um grito de socorro. Ninguém atendeu. Depois de tanto esforço para tentar sair daquela situação acabei adormecendo. Não faço idéia de quantas horas dormi. Só sei que incrivelmente dormi sono pesado e até gostoso. Acordei já com a luz entrando pela fresta do único buraco que existia naquela sala. Foi nesse momento que me descobri confortavelmente deitada sobre o colchonete. Passei a mão nos olhos e devagar fui olhando ao redor. Lá estava a mesa no mesmo canto de sempre. Então cheguei à conclusão de que tudo não passou de um sonho doentio e louco. Já não me bastava à desgraça de ter sido seqüestrada sem motivo algum pra isso, ainda tinha que ficar sonhando com mais desgraça. Minha vida estava uma completa merda e eu ainda conseguia dormir sono pesado. O que fazer? Alguma vantagem eu tinha que tirar daquela situação. É eu era uma fodida que tentava a todo custo subir usando o brilho alheio experimentando o fardo de quem pertence à nata social.
  

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Jean Charles, Robson Terra e um lamentável luto


Olhando a história de Jean Charles, o brasileiro assassinado em Londres e o homem de quarenta profissões Robson Terra figura ilustre de Juiz de Fora, Minas Gerais, eu fico pensando em como a vida tem suas surpresas desagradáveis por vezes. Esses dois casos ficaram na minha cabeça. O primeiro por ter visto o filme que produziram contando a história e o segundo por ser uma pessoa da minha cidade e as redes sociais comentarem a respeito com seus alunos e amigos deixando mensagens de despedida. Não que a morte me assuste. Pelo contrário, acho a morte a coisa mais maravilhosa que todos teremos a oportunidade de desfrutar, sendo até mesmo um refúgio para nossa cansativa jornada em vida. O que me choca é que as duas histórias são distintas em si, mas duas histórias lindas que se ligam pelo seu desfecho, a morte súbita.
Jean era um menino de uma cidade pequena de Minas Gerais, Gonzaga, vivia de forma simples, mas tinha um sonho que é, acho eu, o da maioria das pessoas, o famoso “vencer na vida.” Ele saiu do Brasil no intuito de trabalhar em Londres e quem sabe assim conseguir estabelecer um padrão de vida mais confortável para sua família que ficara. Mas, pelo que li a respeito, ele mesmo não queria voltar. Londres era seu ‘Oasis em meio ai deserto’, seu começo e nunca seu fim, pelo menos em seus sonhos. Menino simpático, menino de sorriso fácil. Ajudava a todos que podia, tanto que levou e abrigou dois amigos e uma prima em seu apartamento. Dava as pessoas que queriam desbravar além fronteiras o que chamamos de “ponta pé inicial.” Além de casa que ele oferecia, dava também a ajuda no primeiro emprego. Como todo jovem também se envolvia em algumas confusões, que seu coração nobre sempre o fazia se arrepender logo. Um pouco antes de morrer havia se envolvido em um incidente com dois colegas do trabalho, isso provocou sua demissão. Ele passou um tempo aceitando o trabalho que surgia até que conseguiu um para trabalhar com o que realmente sabia fazer. Ele era eletricista. Em uma manhã turbulenta em Londres por conta de atentados terroristas nos metrôs, Jean sai de casa feliz porque tinha conseguido um emprego “decente.” Na primeira estação é barrado na entrada porque ela estava fechada. Corre o máximo que pode para outra. Quem vive em Londres ou já esteve lá sabe que é fornecido em todas as estações de metrô um jornal que as pessoas têm a oportunidade de ler durante o trajeto e onde descer coloca novamente na urna de jornal para que outras pessoas possam ler. Jean pegou um jornal antes de entrar no metrô, entrou e se sentou. De repente é surpreendido pela policia. Em tempos de ameaça terrorista todo cuidado é pouco para uma nação afetada de forma violenta pela covardia terrorista. Jean, acredito eu assustado, reage sem entender ou até mesmo cogitar que seu ato era a assinatura do seu atestado de óbito. Confundido com um terrorista é atingido pelas costas. Londres naquele momento se tornava seu começo e seu fim. Lamentável fim. Um sonho interrompido de forma brutal e dolorosa. Não só pela pouca idade dele, mas também por como aconteceu.
Até esse ponto você deve estar se perguntando o que uma história tem a ver com a outra. Pois eu digo.
Robson terra, 57 anos, nascera também em uma pequena cidade no interior de Minas Gerais, Chácara, se consta no mapa nem sei. Cresceu em meio à simplicidade da vida daquela pequena cidade. Como ele mesmo dizia “eu descobri a criatividade como forma de sobrevivência.” Amado por seus alunos, amigos e parentes. Homem distinto da sociedade. Guerreiro. Vencedor. Não encontrou na pobreza uma limitação para fazer melhor e diferente. Ator nos palcos dos teatros, TV, praças, aldeias e onde mais fosse preciso. Defendia a arte como fator indispensável para uma boa vida. Protagonista de sua própria e nobre história de vida. Superou a si mesmo e seu possível destino, fazendo bonito em vida. Um homem homossexual como poucos que existem. O grão capaz de fazer diferença no meio de tantos grãos de areia que são os seres que habitam a “praia” chamada terra. Um verdadeiro, digno e maravilhoso exemplo. Acorda como em todos os outros dias. Homem agitado como só ele, sempre muito ocupado por seus afazeres, passa mal e é levado ao hospital. Uma tentativa foi feita para reanimá-lo após a parada cardíaca. Em vão. Dava-se assim o fim de uma brilhante história de vida. Luto absoluto nas redes sociais, destaque dos jornais locais. Juiz de Fora perdia um cidadão ilustre, os amigos um companheiro leal, os alunos um mestre sábio e dedicado, a vida um dos seus maiores guerreiros.
Jean Charles e Robson Terra ligados pela lamentável interrupção de suas vidas que ainda tinha muito para ofertar.
Essa é a vida brincando um jogo estranho, onde ganhamos por um longo período, mas quando ela ganha é fatal.
Você perde em algum momento para a vida e se rende de forma às vezes brutal e inesperada a morte. Essa é a maior certeza. A morte um dia dará ‘suas caras’ para todos. A morte é o preço da vitória da vida sobre nós.
Jean e Robson, duas vidas subitamente “perdedoras”, se rendendo a morte.
Os motivos importam para os que ficam lamentando e tristes. Para quem vai não faço idéia do que acontece, do lado de lá é um mistério profundo.
Nesse jogo louco que somos obrigados a jogar com a vida, acredito que é necessário degustar como se degusta um bom e caro vinho as vitórias diárias. Valorizar com intensidade cada respirar. É preciso ter sangue frio para vivenciar o gostinho de vitória diário, tendo a certeza que em algum momento perderemos.
Eu uma entusiasta da morte, sua admiradora e quase uma amiga peço apenas uma coisa quando chegar a minha hora de perder, PAZ.

*Que Jean e Robson sirvam de exemplo de como se deve viver com intensidade cada momento da vida e fazer sempre o seu melhor em tudo.   

terça-feira, 10 de abril de 2012

Viva a liberdade

"Democracia = ("demo+kratos") é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos — forma mais usual.”
O Wikipédia cita a democracia falando sobre política, mas é muito comum as pessoas usarem isso em outros meios. Porém eu categoricamente afirmo que as pessoas desconhecem o real teor da liberdade que existe na palavra D-E-M-O-C-R-A-C-I-A.
Me valendo novamente do bom uso que faço de me informar, o Wikipédia diz que liberdade de expressão significa:
“é o direito de manifestar livremente opiniões, idéias e pensamentos. É um conceito basilar nas democracias modernas nas quais a censura não tem respaldo moral.”
Mas constantemente vemos esse nosso direito sendo infligido pela maioria que a tudo tenta padronizar. Se você diz o que pensa e não condiz com um rotulo (que julgo imbecil) socialmente aceito, você é descriminado, excluído quando não ofendido.
Mas isso não fica só na questão de expressão, quando a pessoa não se permite corromper pelas idiotas regras sociais ela ainda vence essa barreira.
Porém encontramos outro ponto muito importante, a liberdade religiosa que é esclarecida da seguinte forma pelo Wikipédia:
“A liberdade de religião e de opinião é considerada por muitos como um direito humano fundamental. A liberdade de religião inclui ainda a liberdade de não seguir qualquer religião, ou mesmo de não ter opinião sobre a existência ou não de Deus (agnosticismo e ateísmo). A liberdade religiosa se o põe diante de todos suas idéias e principalmente seguimento do próprio ser humano.”
Mas nossa sociedade meramente preconceituosa desenvolveu em seu sistema um conceito basicamente assim ‘se você não acredita em deus é julgado como ruim.’ Abordo isso desta forma justamente por me considerar fora desses parâmetros religiosos e ser julgada muitas das vezes desta forma. Não foi um ou duas vezes que pessoas disseram que deus iria me castigar por não acreditar nele, chegando ao ponto de uma vez o comentário ser o seguinte “Que isso? É tão bom crer em um deus que faz o melhor por nós. Tome cuidado que isso pode ser cobrado de você.” Meu questionamento foi, como um deus que só quer o melhor pra você, que é tão bom pode te cobrar ou pesar sobre você, sendo que foi ele mesmo quem te deu a liberdade para escolher no que acreditar ou não? Eu não posso crer em um deus tão contraditório assim.
Mas meu argumento aqui fica sobre como as pessoas são mesquinhas e vazias quando algo vai contra o que ela acredita. Será que as pessoas não estão preparadas para viverem em comunidade e entender que existe não só diferenças físicas, mas também diferenças de pensamento? Ou será que as pessoas têm essa consciência e simplesmente não querem fazer bom uso dela, pois é mais fácil acreditar no que a maioria acredita e por isso quem vai contra é considerado um idiota? Sim eu afirmo que não é fácil quando se pensa diferente e ir atrás de criar respaldos para o que pensa e se informar. Realmente é mais fácil ter alguém pensando por nós e seguindo exatamente à cartilha de alguém que te diz que algo é verdade. Isso tudo é simples e fácil demais, porém é necessário que se prove qualquer coisa. Eu ainda me assusto quando vejo pessoas que acreditam em algo que não tem a menor comprovação ou que se julga melhor do que o outro por conta do seu tolo pensamento.
Em todo esse contexto é importante salientar que as pessoas têm respaldo da lei para pensarem e crerem no que quiserem.
“A Constituição Federal, no artigo 5º, VI, estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias. O inciso VII do artigo 5º estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”
Esse trecho da constituição afirma que não existe uma única religião a ser seguida, que a pessoa tem total liberdade para seguir o que ela quiser ou até mesmo não participar de nenhuma religião. Se a justiça não me pune por minhas escolhas quem são as pessoas que não tem vinculo algum com a justiça para me punir? Ninguém!
“Constituição brasileira de 1988
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: V - o pluralismo político
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, liberdade, igualdade, segurança e a propriedade, nos termos seguintes:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença
Art. 220º A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.”
Esse trecho da constituição afirma que sobre qualquer circunstancia a pessoa tem seu direito respaldado pela lei de se expressar. Lembrando que para expor seus pensamentos não é necessário ofender. Mas para me expor um pensamento e querer que eu faça uso dele, é necessário que me esclareça o porquê eu deveria usá-lo.
Eu faço bom uso da minha razão, tento usar ao máximo minha capacidade de pensamento e minha inteligência. Procuro me informar antes de me achar capaz de expor ou até mesmo convencer alguém de que o que penso é correto. Isso nunca foi e não é pecado ou um erro.
No facebook faço parte de uma comunidade chamada ATEIA – Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, vejo que lá se encontram muitos erros com relação a ofender outras religiões, deixo claro aqui que não concordo com esse tipo de postura, mas lá tenho abertura para expor esse fato, como deveria ser em qualquer comunidade.
Questionar e ter dúvidas não faz de mim uma tola revoltada sem causa, mas sim alguém que usa seu raciocínio a seu favor.
Vivemos em um país democrático, com diversidade étnica, com liberdade religiosa, com liberdade de expressão. Estamos em um caldeirão com uma grande mistura de tipos e pensamentos, acho que já passou da hora de vencermos a barreira do preconceito de um só pensamento, uma só verdade. Não existe padrão no que se trata ser humano. Existe caráter, que nada do que disse acima exime alguém de tê-lo e o desobriga a usar. Eu me informo sobre outras culturas e países, pois gosto de saber como funciona, mas isso não me da o direito de julgá-los como melhores ou piores do que o meu. Conheço uma senhora Libanesa que me ensinou uma coisa muito valiosa e usarei suas palavras agora “As pessoas inventaram que as mulheres mulçumanas são infelizes diante de como vivem, não conhecem de fato a nossa cultura, nem tudo lá é morte, guerra, devassidão ou até mesmo repressão. Eu sou feliz sendo mulçumana e seguindo a minha cultura na qual acredito.”
Temos que parar com a tola idéia de que apenas nosso “mundinho” é o valido ou o melhor, existe muitas coisas nesse mundo que podem ser mais interessante do que o que temos como importante ou fundamental. Já que nascemos ou vivemos em uma sociedade democrática devemos fazer valer isso sobre qualquer aspecto. Julgo moral como aquilo que fazemos sem ofender ou até mesmo desmoralizar alguém. Usemos nosso direito a democracia em demasia, pois é isso que nos faz de fato comunidade.
Para finalizar deixo aqui uma frase que sempre uso.
Aquele que se ofende com um questionamento carrega consigo “verdades” que não acredita ou não sabe como defender.

Bem eu

A minha forma de dizer as coisas pode não ser a mais perfeita, dizer que sou humana e se deve a isso o fato de às vezes ser grossa já tá ficando redundante. Mas eu posso garantir que sou sensível o suficiente para querer por muitas vezes voltar atrás e refazer certos momentos. Já outros eu toco o foda-se mesmo. Quando eu gosto corro atrás, tento corrigir meus erros quando os cometo e digo que amo porque a vida é curta demais e se você ouviu isso de mim tenha certeza que foi verdade. Eu queria ter o poder, mesmo sabendo que ele me tornaria uma idiota, de agradar a todos, mas não tenho. Portanto me prendo ao que posso sustentar. Não defendo filosofias ou pensamentos que não me apetecem, mas aquilo que acredito, primeiro me embaso e depois vou até o fim pra defender. Meus amigos, aqueles que realmente tenho consideração por eles, defendo até a morte, mas saibam que isso não faz de mim uma idiota que vai abaixar a cabeça ou concordar com tudo que você diz. Eu sou carinhosa e tenha certeza que vou tentar até as últimas conseqüências defender nossa relação caso ela sofra algum 'impacto', mas eu sempre vou precisar da sua vontade pra isso, vou precisar de você, meu amigo, para que as coisas se restabeleçam. Aos meus amores digo comigo não rola altruísmo no amor, tem que ter reciprocidade. Se essa minha lógica não te agradar, sinta-se livre pra me dar o famoso "pé na bunda", o receberei feliz por não ter que viver uma relação pela metade. Caso queira encarar a difícil missão de viver com minha pessoa saiba que eu sou intensa, me entrego de verdade quando quero, do tipo que faz qualquer coisa pra ver o sorriso do parceiro. Sou amiga, leal, gentil, companheira e extremamente sincera. Juro, não é propaganda enganosa. (Rs) No mais em tudo nessa vida eu não me torno refém de nada. Seja de momentos, amigos e amores. Perdôo com a mesma facilidade que erro. Eu sou meio oito ou oitenta. Minhas visões de mundo não são criadas em uma mesa de bar no final de semana com algumas pessoas. Minhas visões de mundo são criadas com base em minhas experiências, muito estudo e uma mente aberta que me permite ver o mundo sem limites, regras, preconceitos ou 'achismos'. Eu sou completamente azeda por vezes. Amo com a mesma facilidade que mando tomar no cu (eu xingo pra caralho). Sou leoa quando tenho que defender meu orgulho e sou uma camaleoa quando preciso me adaptar a vida e suas mudanças constantes. Falo de sexo de forma livre, mas confunda isso com ser puta pra ver, ai eu viro a perfeita personificação do capeta (No sentido ruim de o ser.). Eu debato sobre qualquer assunto, religião, futebol, política, etc. sabe por quê? Porque ao contrario da maioria das pessoas eu tenho minhas opiniões sobre todos os temas e sei que em um debate sadio, com a mente aberta podemos trocar maravilhosas informações e com isso eu cresço, fazendo valer assim minha chance de evoluir. Enfim, dizem que sou autentica. Pode ser. Mas eu apenas sou uma menina que entendeu direitinho que todos os dias aprendemos algo novo e que isso acontecerá até que a morte venha me encontrar, porém esse período de aprendizado que chamo de vida, é curto demais e por isso deve ser aproveitado com a intensidade em sua máxima potencia.

Eu era um cara mau


Eu sempre tivera medo do escuro. É incrível a quantidade de coisas que você consegue pensar de ruim durante o escuro. Todos acabam se tornando paranóicos diante do escuro. É triste, muito triste como você fica refém no escuro do pensamento. Comigo não era diferente. Por mais que eu fosse um cara mau, sim eu era muito mau, eu ainda era humano e claro tinha um ponto fraco. Meu ponto fraco era o escuro. Eu vivia sozinho naquele quarto de pensão alugado. Um sofá pequeno e velho, completamente rasgado, onde também me servia de cama, não sei como ainda conseguia me erguer por completo sobre as pernas, todos os dias acordava com o corpo completamente dolorido, um banheiro que desconhecia limpeza, eu odiava limpar as coisas, sempre achei que tudo tinha um charme a mais com o aspecto de sujeira, talvez por isso eu vivesse sujo, um fogão velho, com uma panela, um copo e um prato de plástico. Ainda tinhas meus trapos que eu dignamente chamava de roupa. Esse era o lugar que eu chamava de casa. Minha vizinhança estava longe de viver em melhores condições que eu. Mas honestamente não me interessava como eles viviam. Eu era mau porra. Eu botava medo fácil demais. Aliás minha cara suja e com uma enorme cicatriz na testa facilitavam esse processo. Só sei que quando eu passava pelos corredores da pensão, as pessoas se recolhiam as pressas. Isso era fascinante pra mim. Eu passava como um rei pelos corredores da pensão e não só ali. Minha fama já se fazia prevalecer por toda a cidade. Mas como qualquer outro eu tinha um ponto fraco. O meu ponto fraco era o escuro. Eu não dissera isso para ninguém. Esse era meu segredo mais secreto de todos. Eu não saberia conviver com a decadência da minha fama de cara mau. Em um dia nublado, lá estava eu no bar do Quincas, o único cara no mundo que tinha meu respeito. Ele conseguia me parar apenas com um olhar. Não que eu tivesse medo dele, Quincas era tão magro que o vento era capaz de carregá-lo. Eu tinha mesmo era o maior respeito por aquele cara que me recebia em seu bar como um cliente normal por tantos anos. Ele me vira se transformando no cara mau que eu era. O Quincas era um cara bacana. Pois bem, eu estava no bar do Quincas em um dia nublado. Tudo certo como sempre, pedira a Quincas meu drink normal e que já era meu habito beber. Tudo estava completamente normal. Eu bebia tranquilamente meu copo de cuba libre quando a luz acabou. Caramba eu era o fodido que tinha medo do escuro naquele momento. Tudo era um completo breu. Até na rua a luz havia acabado. Quincas gritou “Pessoal pode ficar tranqüilos porque eu vou buscar umas velas já.”. Isso não amenizou meu medo. Porra eu era refém do escuro. Eu já estava debaixo da mesa naquele momento. Quando minha mão tocou o chão senti que tinha alguma coisa em que eu tinha colocado a mão sem querer, o bar do Quincas estava longe de ser conhecido pela limpeza exemplar, eu dei um salto, joguei a mesa pro ar e estava gritando, pulando feito um idiota quando a luz voltou. Todos me olhavam sem entender nada. O cara mau estava lá igual um bosta gritando e pulando com medo de alguma coisa. Eu não conseguia me conter, não conseguia me acalmar. Com os olhos fechados não percebi que a luz havia voltado. Demorou um pouco para que me desse conta. Na verdade só dei conta quando ouvi as pessoas rindo compulsivamente. Abri os olhos devagar e fui percebendo o ridículo em que me metera. Eu era um bosta que tinha medo do escuro. Caramba, acabara de perder todo o meu respeito daquelas pessoas. Tirei um dinheiro do bolso, coloquei sobre o balcão e sai o mais rápido que pude do bar. Enquanto acelerava meu passo um pensamento me aterrorizava ‘Não posso voltar tão cedo no bar do Quincas.’ Eu amava aquele bar, era uma da poucas alegria que eu tinha. De qualquer forma precisava esperar um tempo, seria melhor pra minha reputação. Eu caminhava e uma lágrima escorria, tratei logo de enxugar e me recompor. Eu era um cara mau, não havia lugar para fraquezas. Eu tinha o medo das pessoas. Quanto aquilo que eu coloquei a mão embaixo da mesa, não faço idéia do que era, acho que é melhor assim.
           

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Um conto


Um conto intenso
Os riscos extremos
As mãos unidas
Uma ponte bamba de madeira
O medo do desconhecido
Uma súbita crise de ansiedade
O medo da perda existindo
Como se perde o que é seu por merecimento?
O trágico gosto de ser humano
Uma maré gigante
Os corpos entrelaçados
Um abraço forte
O mundo sorrindo mesmo não querendo
‘É amor ’_Diz o intimo
Nenhuma pretensão de que exista
Arrebatados em corpos nus
A descoberta
Sempre se pertenceram
A verdade enfim
É esse o tal destino
O desfecho
Loucamente felizes
No mais?
Páginas em branco escritas a mãos crédulas

Relatos de uma bêbada digna

Eu acabara de entrar naquela livraria nova do bairro onde morava. Uma livraria como qualquer outra com a diferença de que com a nova tendência, existia um café onde podíamos comprar um livro e ler enquanto degustamos um café caríssimo. Uma grande bobeira. Eu estava na sessão de livros estrangeiros. Apetecia-me mais livros estrangeiros, talvez eu não fosse tão a favor do meu país e de sua cultura. Que se foda, meu país também não era tão agradável assim comigo. Pois bem, olhava um livro que me interessou pelo titulo “Histórias de uma puta de luxo.” Quando aquele homem me interrompeu.
_Olá!
_Olá_ Eu estava em um bom dia, o suficiente pelo menos para um “olá”.
_Você é Tereza Santos?
_Sou sim, por quê?
_Já li alguns artigos seu na revista. Admiro muito sua escrita.
Oh deus eu era de certa forma famosinha, mas o que fazer com o meu azedume de quem não gosta de contato com seus leitores? Respirei fundo e como de certa forma aquele homem me interessava, permiti um pouco mais de educação.
_Ah sim, obrigada.
_Posso te pagar um café?
_Oi?_Perguntei como quem não tivesse entendido o convite.
_Posso te pagar um café? Juro que não tomarei muito do seu tempo.
O que fazer nesses momentos? Eu poderia mandar ele ir a merda e recusar, mas de um jeito estranho aquele homem conseguia tirar de mim alguma gentileza.
_Oh, tudo bem. Mas gostaria que não fosse aqui e se possível no lugar do café me apetece mais uma boa dose de rum._Já que ele tinha interesse em pagar, não me custava tentar que fosse o que realmente estava afim de beber.
_Claro.
Nesse ponto já começava a estranhar a real intenção daquele cara, mas preferi acreditar que ele se importava realmente com meu trabalho idiota. Por um momento pensei que minha fama de boa trepada poderia já estar correndo a boca solta. De qualquer forma ele estava pagando o rum e olhando melhor pra ele até que uma trepada com ele não caia mal. É eu era uma devassa. Uma bêbada e devassa. Eu era feliz assim, muito feliz, juro que era feliz. Que merda, acredite existe felicidade nisso. Enfim, se não acreditam não me importo.De qualquer forma uma dose de rum, naquela hora do dia e de graça muito me agradava. Se teria que me socializar com um estranho que pelo menos fosse bêbada. Saímos da livraria e entramos no carro dele. Se ele estava mal intencionado pouco me importava. Na verdade estava mesmo interessada em saber se aquele estranho trepava bem. Ele me excitava de uma forma louca sem ao menos me tocar. Ele foi dirigindo pela cidade enquanto me dizia o quanto admirava meu trabalho de escritora. Uma conversa completamente entediante. Talvez pelo fato de que ainda não havia bebido nada naquele dia. Mas eu estava ali, firme na esperança de uma dose de bebida que ele iria pagar e por isso acenava com a cabeça enquanto sorria. ‘Que se dane o meu trabalho, vamos logo, quero beber. ’ Era meu pensamento. Pensamento esse que meu sorriso bem escondia. Apesar de que me agradava ter um fã. Era legal ter alguém babando no meu trabalho e que por conta disso ainda pagava uma bebida. Por fim, depois de dez minutos andando pela cidade, o que pra mim pareceu uma eternidade, ele parou em um elegante bar na parte nobre da cidade. Sentamos à mesa e o garçom logo veio nos atender.
_Uma dose de cuba libre caprichada no rum e uma de whisky com duas pedras de gelo.
_A cuba sem limão, por favor._Eu disse.
Sempre odiei o limão no rum. Pra mim o limão atrapalha o sabor do rum, que deveria ser acentuado ao máximo. Bom isso é o que eu penso. O garçom logo nos serviu. Aquele era um bar bacana. Bebi minha cuba em dois goles. O homem me olhou espantado e pediu outro. O segundo fui bebericando aos poucos e degustando.
_Então, ainda não sei o seu nome._Disse, apesar de que nem tinha tanto interesse assim em saber.
_Isso importa?_Perguntou ele com um leve sorriso no rosto.
 Aquele homem ficava cada vez mais interessante, parecia que lia meus pensamentos. Realmente o nome dele pouco importava. Na verdade saber o nome dele daria uma intimidade entre nós que não me atraia. Continuamos bebendo, não faço idéia de quanto bebemos. Mas que diferença isso fazia? Nenhuma. Falamos sobre todos os assuntos possíveis. Quanto mais bebíamos e conversava eu percebia que aquele homem estava longe de ser realmente um fã interessado no meu trabalho. Quando enfim ele disse seu real interesse.
_Eu sou escritor também. Estou querendo publicar na mesma revista que você, mas me disseram que eu teria que ter alguém que me indicasse. Por sorte encontrei com você na livraria, como já tinha visto uma foto sua, resolvi arriscar. Pode me ajudar?
Eu sabia que aquele drink me sairia caro demais. Não podia existir alguém que pagasse uma bebida despretensiosamente. Mas será que poderia ser pelo menos algo que me favorecesse também? Como uma boa trepada. Peguei minha bolsa, tirei uma nota de cinqüenta reais, joguei sobre a mesa e me levantei.
_Seu fodido de bosta, vai à merda!
Sai daquele bar e para minha sorte estava passando um táxi. Acenei, ele parou e eu entrei. Dei o meu endereço e pedi que fosse o mais rápido possível. No caminho fiquei pensando naquele homem. O mundo estava mudando, as pessoas sempre tinham algum interesse. Eu até poderia ajudar aquele homem, claro, poderia indicá-lo, mas ele não precisava dizer que era um super interessado no meu trabalho e me pagar uma bebida. É lamentavelmente alguns acreditam que tudo tem seu preço e isso me enoja. Ninguém me compra assim tão facilmente não. Eu me esquecera de lhe meter um soco na cara, isso que eu deveria ter feito. Um idiota querendo colocar preço na minha pessoa. Os valores estavam invertidos. Por mais que eu fosse não fosse uma mulher exemplar, ainda me sobrava algum orgulho. O táxi parou na porta de casa. Entrei e fui direto para a máquina de escrever. Escrevi toda a minha raiva que deixei de explanar com o soco que não dei naquele homem. Quando acabei, respirei profundamente e consegui me desligar do assunto. Fui até o armário, coloquei uma boa dose de Vodka no copo e me sentei no sofá. O mundo é sujo, mas eu não vou participar dessa zona.





quinta-feira, 5 de abril de 2012

Tereza meu nome


O bom escritor escreve de forma simples o que é difícil de entender. Ou talvez devesse ser assim. Meu nome? Tereza. Pobre de mim que me intitulei de escritora. Que grana se ganha um escritor? Porra nenhuma! Essa é a grande verdade. Por isso acho que vale simplificar. Claro que isso depende de que publico se quer alcançar. Mas eu, coitada, queria apenas o dinheiro para mais um trago de uma bebida qualquer. “vai arrumar um trabalho digno Tereza.” Era o que minha mãe dizia. Tola. Beirando a mais suja ignorância ela não entendia que aquilo era a única coisa que eu sei fazer de melhor. Claro, depois de beber. James meu amante me acompanhava. Acho até que estávamos juntos pelo gosto incomum pela bebida. Fosse lá qualquer uma. O importante era beber. Muitos me diziam que eu estava era me afundando. Mas eu definitivamente não era normal. E se todos um dia morreremos mesmo, que pelo menos eu morresse fazendo aquilo que era um dos meus poucos prazeres em vida. Eu gostava de pintar também. Isso é considerado arte. Lamentavelmente a arte é considerada vagabundagem, logo não me sobrava nada além da miserável vida de alguém que sobrevive da arte. Além disso, eu era uma bêbada, azeda e inconstante. James me considerava interessante. Mas isso se deve ao fato de que trepavamos compulsivamente tanto quanto bebíamos. Ah e tanto quanto eu escrevia. Talvez por isso ele ainda se interessasse por minha companhia. Eu me considerava boa na trepada. Sem regras, sem limites e sem quantidade. Se é que me entendem. Se não entendem, imaginem. Nós costumávamos ficar no quarto, que minha mãe havia me cedido por caridade, já que ganhar dinheiro não era minha sina. Eu saia dali apenas para mandar meus textos para uma porca revista que tinha os considerado alguma coisa para publicar. É, por mais que amasse os meus textos não os considerava assim tão interessantes. Mas escrever me fazia bem. Já James era um pobre coitado, que vivia da bebida que eu conseguia com o pouco dinheiro que ganhava e da comida que minha mãe nos fornecia, acho que pela boa vontade de seu coração. Minha mãe era simples, mas uma boa mulher. Sentia pena dela, por ter uma filha como eu. Uma bêbada, sem futuro e sem brilho. Escritora por ser a única coisa que sabia fazer na vida. Minha mãe era uma mulher nobre. Vivia como a sociedade dizia que era legal viver. Já eu não dava a mínima para regra alguma. Eu era uma fodida. A idade já estava me pesando. Meu rosto já deixava aparecer algumas rugas, assim como meu cabelo que tinha milhares de fios brancos. Coisa que eu não dava a menor importância. “pinta esse cabelo Tereza, passe um creme nesse rosto.” Minha mãe ainda tentava colocar em mim algum traquejo de mulher. Mas eu cagava para aquela bosta toda. Queria mesmo meus tragos de qualquer bebida e quantas trepadas me fossem possíveis. Eu era o que chamam de escoria da humanidade, vivia a margem do mundo e não me importava com ninguém além de mim. Passava na rua e ouvia as pessoas sussurrando uma para as outras “lá vai aquela vulgar.” E eu fazia questão de rebolar ainda mais meu traseiro caído. Aquelas pessoas não sabiam que eu era um verdadeiro fracasso. Assustava-me ver as suas opiniões sobre alguém que deveria passar sem a menor importância. Talvez elas lessem a revista que publicava meus textos. Nem sei, eu mesma não lia. Ao invés disso usava o dinheiro para comprar quantas bebidas mais eu pudesse. Eles não tinham interesse em me mandar um exemplar? Pois bem, eu também não tinha interesse em comprar. No fundo eu era uma doente social. Mas quem se importa? Minha mãe? Talvez. Mas nem ela mesma sabia mais o que fazer com aquela situação e me dissera que havia entregado para deus meu caso. Eu sempre perguntava “Quem é deus, mãe?” Ela se indignava e saia me xingando. Pobre da minha mãe que era obrigada a conviver com sua frustrada criação. Então falando ainda sobre a simplicidade que o escritor deve ter quando escreve, quero dizer uma coisa muito importante. Que se foda isso também.