sábado, 7 de maio de 2011

Inocência


            Era comemoração do fim de ano, todos estavam na casa da avó.
            Augustina, Tiago, Fernando e Valentina corriam para lá e para cá. As crianças sempre gostam muito de festa. Marcos e Vanda são pais de Valentina e muito ricos. Sempre nessas festividades era um alvoroço por conta dos presentes que eles levavam. Esse não era um ano diferente.
            Um pouco antes da meia noite eles começam a distribuir os presentes, as crianças se agitam. Vanda começa então por Augustina:
            _ Augustina minha querida, tome aqui o seu presente.
            Ela mais do que depressa se apossa daquele pacote tão desejado. Abre.
            _ Que linda tia! Muito obrigada! _ Era uma Barbie legitima, num lindo vestidinho de festa e sorridente.  
            _ Tiago agora é sua vez. A madrinha comprou uma coisa que sei que você gostará muito.
            Tiago pega o presente e o desembrulha sem muito cuidado, ele estava ansioso.            Sempre ganhava bons presentes dos seus padrinhos. Acaba de abrir o pacote e com isso também abre um grande sorriso.
            _ Dinda que coisa mais linda. Amei. Muito obrigada! _ Era um notebook de ultima geração. Coisa que ele estava sonhando e querendo há muito tempo.
            Valentina como era filha deles já havia ganhado seu presente. Uma viagem a Disney.
            Chega a vez de Fernando. Ele era um menino tímido, gordinho. Filho de mãe separada que era sempre considerada um estorvo por conta de sua situação. Dos primos era o mais isolado, não porque quisesse mas porque o colocavam naquela situação. O que não sabiam era que dentro dele batia um bom coração. Capaz de não perceber a tamanha crueldade.
            Tia Vanda então o chama.
            _ Fernando agora é sua vez. _ Grita ela.
            Ele vem correndo. Vanda então tira um pacotinho de dentro da sacola e o entrega. Ele muito curioso se coloca a abrir o pacote desesperadamente. Que surpresa!
            Fernando abre um sorriso e diz:
            _ Muito obrigado tia!
            E sai feliz. Ele ganhara uma lanterna.
            Fernando não percebeu a gravidade e a ironia daquilo. Com o sorriso de uma criança pensava: “Que maravilha! Agora vou poder chamar o Guto para caçar rãs à noite com essa lanterna. Vai ser demais!”

Viagem


            Desconexo esse paralelo de sensações... nem ligo se soa bizarro.
            Gosto do bizarro, nada extremo, somente bizarro!
            A faca que nos corta as vaidades mostra que o estranho tem mais valor.
            A sede de outrora pedia que as tradições se mantivessem, hoje a busca é pelo novo, pelo diferente e estranho. Bizarro.
            Padeço por essas percepções...
            A loucura reside bem ao lado do meu calabouço. Bate nas paredes imaginárias e me chama. Um chamado que por me intrigar me arrasta.
            Pouco me interessa qual é a percepção alheia... Essas entrelinhas não são para serem entendidas, são marcas do que foi vivido.
            Ah correntes da subversão!... Chama-me pelo nome para a destruição... Vá para longe do meu coração. Quero pureza mesmo que bizarra, quero loucura, confusão!
            Estreita-me o caminho mesmo que eu não possa caminhar. Se existe o sobrenatural ou uma força maior nesse momento suplico: salva-me! Liberte-me das garras da liberdade.
            Obsceno, eu sei. Nessa devastadora consideração ao meu íntimo me jogo. Braços abertos na ingratidão ao bem. Prefiro o doente, o profano e talvez o louco. Quem saber assim não necessite de justificativas para existir.
            Entenda, por favor, entenda. Não quero parecer leviana, mas o leviano fala por mim como uma incorporação do impossível de se compreender. Sim, existe lucidez no que digo, basta abrir os olhos do íntimo para entender. Se tudo que digo lhe parece idiota, então idiota me intitulo, pois aos loucos não se contraria, apenas se finge existir um mundo imaginário.
            Bizarro... Ah bizarro! Resida em mim... Prometo-lhe morada eterna!